ENCONTRO DE DOCENTES DO ENSINO SUPERIOR
No dia 25 de março de 2017, das 9h às 11h30, foi realizado o primeiro Encontro de Docentes do Ensino Superior com o arcebispo de Curitiba, Dom José Antônio Peruzzo. O evento aconteceu no Auditório Irmão Albano, Bloco Vermelho – Direito, da PUCPR. E contou com a articulação da Pastoral Universitária da Arquidiocese de Curitiba, composta por membros pastoralistas de Instituições de Ensino Superior, inclusive a Pastoral Universitária Bagozzi.
O encontro iniciou com a apresentação cultural do Coral Champagnat, da PUCPR. Em seguida, os presentes foram acolhidos com as boas-vindas do assessor eclesiástico Padre Luiz Alberto Kleina e o coordenador arquidiocesano da PU, Wellington Minoro Khiara.
Após um breve momento de espiritualidade, Dom José Peruzzo iniciou sua fala contextualizando o ambiente acadêmico, ainda que por vezes hostil, seja também muitas vezes acolhedor e propício às experiências de reflexão. Um ambiente de pesquisa, uma sala de aula é uma espécie de altar que nos remete ao ato cúltico. O altar é o lugar no qual o ofertante oferece o melhor de si mesmo para que a divindade reconheça sua oferenda numa espécie de banquete simbólico, de comunhão. Se em sala de aula, ou no ambiente profissional eu ofereço o que eu tenho melhor de mim, aí há uma oferenda.
Dom José Peruzzo enfatiza que é preciso promover um ambiente de reciprocidade que, além do debate de ideias, se crie um ambiente sadio de convivência entre as diferenças, que supere o caráter mercadológico do conhecimento, e humanize as relações. Podemos ser apenas um mestre que transmite informações, que sem interioridade, a sala de aula torna-se um lugar dos nossos esvaziamentos. A universidade não pode ser utilitarista, consumista na relação com a verdade. Muita ciência não é suficiente para atender o coração humano. Mas o sadio convívio entre diferentes só é possível por aqueles que têm segurança interior e consequentemente paz.
A sala de aula, o laboratório deve ser uma espécie de profecia, no qual professamos uma verdade que está acima de nós, de uma voz que nos inspira. A verdade humana é inesgotável no qual se vive. Se nos faltar a dimensão vocacional, nossa ação cairá num profissionalismo vazio e esgotante. A profissão do professor pode ser comparada a um casamento, o qual no começo é cheio de compensações, de apaixonamento e reciprocidade, mas depois com o tempo vem a prova do amor.
Se Deus é santo e bom, e cremos nEle, isso nos dará condições de querer bem, de agir com benevolência, ainda que isso seja exigente e implique disciplina. “Vós sois o sal da terra e a luz do mundo” (Mt 5, 13). Quando duas pessoas faziam acordo escreviam sobre pergaminhos (em couro de cabra), enchiam de sal , e levavam à divindade, no sentido de conservar a aliança que haviam feito. Ou seja, o sal carrega um sentido de conservar a aliança.
A palavra discípulo em grego originalmente indica aquele que aprende o ofício, mas com o tempo, configura um novo significado, refere-se aquele que configura em si mesmo o mestre, não somente por aquilo que aprende, mas pelo que se é. Enquanto houver discípulos, há também o sal, a conservação da aliança, como sinal da amizade e configuração com o Mestre. Dom Peruzo encerrou dizendo que se nós amarmos a sala de aula, os alunos não irão apenas tomar nota dos conteúdos ensinados da disciplina, mas também aprenderão de nós, de nosso testemunho o conteúdo de nossa espiritualidade.