Coordenadora do curso de Psicologia participa de Audiência Pública em comemoração aos 60 anos da Regulamentação da Psicologia no Brasil. Confira!
Nesta segunda-feira (22/08), a coordenadora do curso de Psicologia, Profª. Cláudia Cobalchini, a convite da Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR) em parceria com Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, participou da Audiência Pública “60 anos da Regulamentação da Psicologia no Brasil”. A coordenadora representou a ABRAPSO discorrendo sobre o tema “O Compromisso social da Psicologia nas Políticas Públicas”.
A história da Psicologia no Brasil desenvolveu-se, em parte, mediante a instrumentalização de situações de avaliação psicológica na educação e em seguida na indústria, a partir de concepções positivistas e norte-americanas de controle e classificação de pessoas, grupos e instituições. Neste cenário latino-americano, de ditaduras e carestia social, na década de 70, trabalhadores da saúde e movimentos sociais passam a reivindicar a construção de políticas públicas, a exemplo do que foi a luta pela promulgação, somente em 1990, após a constituinte brasileira, do Sistema Único de Saúde (SUS).
E ainda no final do século passado que a Psicologia é chamada a sair dos muros das universidades, a encontrar as pessoas em suas condições concretas de vida. Ao lado da necessidade de conhecer as determinações histórico-político-econômicas que incidem sobre a materialidade da vida, a Psicologia posiciona-se ao lado da defesa dos direitos sociais, os quais são fundamentados nos Direitos Humanos. O Código de Ética Profissional da Psicologia (CFP, 2005) é pautado na promoção do respeito e da liberdade, da dignidade, da igualdade e integridade do ser humano. Portanto, a profissão e a ciência da Psicologia assumem um projeto ético-político a serviço do desenvolvimento de Políticas Públicas, voltadas à garantia de direitos sociais: um compromisso com a transformação social! E hoje incorpora serviços junto ao SUAS (Sistema Único de Assistência Social), ao poder judiciário, aos direitos de crianças, adolescentes, contra violência doméstica, contra a violência de gênero, em defesa de uma educação com qualidade, na luta antimanicomial, por problematizar as determinações sobre a saúde, por visibilizar diferenças constitutivas étnicas, raciais, etárias, econômicas, entre outras (lazer, esporte, cultura, trânsito, atenção a emergências e desastres, etc).
É o reconhecimento sobre as práticas historicamente reprodutivistas de sexismo, machismo, misoginia, capacitismo, racista, homotransfóbico, entre outras, que permite hoje avançar sobre formas de resistência à alienação e na construção de práxis que fomente condições constitutivas de emancipação de todas as pessoas. Permanecem desafios diante de um país que teima em questionar processos democráticos, perpetuando a pobreza, com poderes autoritários e excludentes, na produção de vulnerabilização de populações inteiras, diante da retração de investimento estatal. Necessita-se de profissionais que se dediquem à defesa da ciência, que não apenas constatem realidades, mas se proponham a mobilizar as potencialidades, a modificarem as significações afetivas e simbólicas sobre saúde mental, a lutarem contra a opressão, a promoverem enfrentamentos com práticas humanizadas e interdisciplinares com vistas à ampliação de consciência e participação social.
Assim, em tempos de comemoração, também há necessidade de resgatar as necessidades de uma população brasileira, latino-americana, que requer formação de profissionais que primem pela promoção da dignidade humana. Parabéns a todas, todes e todos os colegas comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa e que possamos inspirar os profissionais em formação!
Assista o vídeo institucional do CFP em celebração aos 60 anos de Regulamentação da Psicologia no Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=T9ruPtNWpwM